quarta-feira, 28 de maio de 2008

Um brasileiro






Pessoal,





O texto do dia hoje vai para um dos mais extraordinários artistas deste país, um cantor, grande pela sua voz, pela sua presença e pela sua coragem de "ousar ser": Ney Matogrosso. Inclassificável, com seus potentes "olhos de farol", que faz "seu tipo" e que "no cair da tarde" nos brinda com sua voz, sempre "à flor da pele". Ney não é só "batuque" e rebolado, porque "as aparências enganam". Seu canto está "em qualquer canto" e ele é muito mais. Ele é sobretudo isto: "um brasileiro". Como ele mesmo diz, nm trecho de "Chance de Aladim", que ele gravou na década de 90:



"Se canto sou ave, se choro sou homem,

se planto me basto, valho mais do que dois,

quando a água corre, a vida multiplica,

o que ninguém me explica é o que vem depois..."





Abraço,





Do Jorge.




segunda-feira, 26 de maio de 2008

Segunda-feira

Pessoas,
"Eu odeio segunda-feira", diz aquele gato famoso, o Garfield, o rei dos preguiçosos. Pois hoje é segunda-feira e eu estou aqui, escrevendo sobre ela. É fim de segunda, devo confessar, que o dia se fecha em concha, daqui a pouco me deitarei para recarregar as baterias.
Ando meio assim, e nem sei direito porque estou escrevendo sobre a segunda, um dia da semana como outro qualquer. Mentira. Sábado em nada se parece com segunda. É o dia da minha aleluia, o sábado. Melhor que ele é sexta, dia quem trabalho com mais prazer, nunca soube explicar porque, mas na sexta sou capaz de dar vinte aulas sem me cansar. Domingo também não é igual à segunda-feira. É pior. Domingo é o tédio total, só de ouvir a música do Fantástico, eu emloqueço, "fico 'doido' no encalço".
Sei é que me deu vontade de falar dela, da segunda. Talvez porque, pensando bem agora, ela me cheire a começo. É, na segunda tudo debuta. Nosso anseio se levanta e diz-nos, pleno de esperança, "Vamos, gente! É segunda-feira! Um, dois, três: recomeçar!", e bate palmas num gesto de ânimo. Por tudo isso, viva a segunda-feira! Mesmo a odiando, viva. Se há um começo, é ela. É o começo da semana, e esta pode estar repleta de possibilidades. É o primeiro passo, por ela, sai-se da inércia. É um duro passo, admito, mas é um. Que ela nos traga, então, uma semana auspiciosa e repleta de ânimo. Ao menos para chegar à próxima.
Abraços,
Do Jorge.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Mário de Sá-Carneiro

Pessoal,


Vida tensa a desse nosso amigo Mário. Atormentado pelo fato de ser poeta (não é fácil, sei), gordinho, meio sem jeito na vida... o jeito foi vestir seu melhor terno e beber cinco frascos de arsênico. Só 26 anos. A poesia dele é pontuada pela angústia, pelas muitas faces dela, a existencial, a amorosa, a identitária, principalmente pela angústia essencial: a de viver. Mas hoje, consultando meus oráculos, eis que me cai às mãos um seu poema curioso, que fala da morte de uma maneira inusitada para ele, um poeta que sempre foi trágico e sério. Uma nota destoante, um nota um pouco cômica. Mas a morte está ali, insolente e definitiva. E ela sabia que teria de ir ao encontro dela. O poema é "fim":


fim


Quando eu morrer batam em latas,

rompam aos saltos e aos pinotes,

façam estalar no ar chicotes,

chamem palhaços e acrobatas!


Que o meu caixão vá sobre um burro

ajaezado à andaluza...

A um morto nada se recusa,

e eu quero por força ir de burro!


(1915)

É um poema curioso. Intenso e curioso. Simbólico, dos signos da morte e da exigência da morte. É o meu oráculo de hoje.

Do Jorge.


quarta-feira, 14 de maio de 2008

Oráculos de maio

Pessoas,

É maio. Continuo consultado os oráculos, os antigos e os recentes, todos. Dizem-me a sorte, predizem fortunas e infortúnios: meus oráculos, os poetas. Hoje, ele me diz assim:


AURA

Em maio a tarde não arde,
em maio a tarde não dura.
Em maio, a tarde fulgura.

(Adélia Prado)


Do Jorge.

domingo, 4 de maio de 2008

Viva essa energia

Olá,


Andei sumido... Estava meio preguiçoso, atarefado com as coisas da escola, sem muita vontade de escrever. Mas estou de volta. E para começar bem a semana, que é longa e sem feriados (rs), vá lá um poeminha do Arnaldo Antunes, que foi escrito especialmente para fazer parte da cerimônia de abertura do Pan (e lá foi lindamente dito pela grande Nathália Thimberg), mas que bem cabe como mantra para uma semana radiosa:


Há um anseio de luz
no centro de toda a Terra.
A folha que o vento leva,
a raiz que rompe a terra
e irradia,
de mão em mão,
o sopro, o sopro da vida.
Viva, viva essa energia!


Que essa energia esteja com todos nós, sempre. Boa semana!


Do Jorge.