sexta-feira, 4 de julho de 2008

O queijo e os vermes

Pessoas,



Sumi... ando trabalhando muito... lendo muito também, sempre. Nos intervalos entre as aulas, na sala dos professores, na fila do banco, no carro (só não digo que leio nos engarrafamentos porque aqui em São Mateus não os temos, ainda), na casa dos amigos, na cama... Por esses dias, ando lendo Carlo Ginzburg, um historiador italiano bastante conhecido. Ao menos, pelos historiadores e professores de História. O livro é o já clássico "O queijo e os vermes", do qual conhecia passagens estudadas nas aulas de História Medieval, na faculdade. Eis que me caiu outro dia às mãos o exemplar do livro, que a Companhia das Letras publicou na década de 90.

"O queijo e os vermes" parte da investigação dos autos do processo que um certo Menocchio, moleiro de Montereale, no Friuli, região italiana, teve de responder ante o Tribunal do Santo Ofício em fins do século XVI, acusado de heresia. Narrada com extremo detalhismo, o história nos leva a um mergulho na sociedade pós-medieval e ao centro dos confrontos religiosos entre as forças protestantes e o catolicismo, mas sobretudo àqueles que, sem professar uma ou outra tendência, produziam livres-interpretações da fé, como é o caso de Menocchio, que é visto como herege por dizer que "Deus é o ar, o mar, a terra e o vento". Renega os sacramentos e dogmas católicos e apregoa um cristinismo puro, livre da opulência e da "mercadologia" da fé difundida pela Igreja Católica ao longo dos tempos.

O texto de Ginzburg, filiado aos preceitos teóricos da novelle histoire, é luminoso e cativante, já que a partir do específico, analisa hábitos e dinâmicas sociais do período de transição entre o Feudalismo e a Modernidade. Sem pedantismo ou tecnicismo, hermetismos ou futilidades. É como diz Renato Janine Ribeiro, na orelha do livro, trata-se de um texto tanto para especialistas, como para o leitor comum. Pode ser, portanto, tanto um livro técnico, quanto um texto narrativo (não ouso dizer literário, contudo) da melhor qualidade.



Do Jorge.

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