terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bob Dylan


Olá!



Nesses dias atribulados de fim de ano, entre as obrigações na escola e a correria normal que todo ano que termina traz consigo, registro que tenho ouvido Bob Dylan à exaustão. Sempre gostei dele, mas agora o estou achando meu ídolo, ao lado do Caetano. Tanto que estou começando a ver um pouco de luz na minha eterna pesquisa para o doutorado. Isso porque decidi que o ano que vem, tento as provas para começá-lo. Adiei em demasia. Por conta do tempo, da dificuldade de ir ao Rio ou a Sampa semanalmente para as aulas. Mas agora o Mestrado em Letras da UFES teve a autorização da Capes para implantar o doutorado. Me animei logo, mas não tinha um projeto em mente.

Não tinha. Mas agora, sinto começar a ser gestada em mim a idéia de trabalhar Dylan e Caetano. Seria uma ampliação da minha dissertação de mestrado (que foi exclusivamente sobre a intertextualidade em Caetano Veloso), incluindo uma análise das interrelações textuais entre as canções dos dois, que, embora pertencendo à tradições musicias e poéticas diversas, são quase irmãos gêmeos, ambos grandes letristas, grandes performers, grandes músicos. É uma idéia que, agora no verão, quero pôr no papel.

E enquanto vou pensando (e ouvindo Dylan), posto aqui a letra de "Jokerman", uma das minhas canções diletas do Bob e que Caetano gravou, nos anos 90. A tradução? Pesquei na net, não encontrei o tradutor, por isso não dou o crédito. Segue:


JOKERMAN (O coringa)


Sobre as águas, jogando seu pão,
Enquanto os olhos do ídolo, com a cabeça de ferro, estão brilhando.
Barcos distantes rumo à bruma seguem seus cursos,
Você nasceu com uma cobra em seus pulsos, enquanto um furacão estava soprando
Liberdade logo ao virar a esquina para você
Mas, com a confiança tão longe, de que servirá?
Curinga dance para a melodia do rouxinol,
Pássaro, voe alto ao luar
Oh, oh, oh, Curinga.
O sol põe-se tão velozmente no céu,
Você se levanta e diz adeus para ninguém.
Tolos correm para lugares onde anjos temem pôr seus pés,
O futuro dos dois, tão cheios de temor, você não tem nenhum.
Mudando mais uma camada de pele,
Mantendo-se a um passo a frente do perseguidor dentro de você.
Curinga dance para a melodia do rouxinol,
Pássaro, voe alto ao luar
Oh, oh, oh, Curinga.
Você é um homem das montanhas, você pode andar nas nuvens,
Manipulador de multidões, você distorce sonhos.
Você irá para Sodoma e Gomorra,
Mas o que te importa?
Lá ninguém vai querer casar com a sua irmã.
Amigo do mártir, um amigo da mulher que causa vergonha,
Você olha dentro da fornalha escaldante, vê um homem rico sem nome.
Curinga dance para a melodia do rouxinol,
Pássaro, voe alto ao luar
Oh, oh, oh, Curinga.
Bem, o Livro do Livítico e Deuteronômio,
A lei da selva e do mar são seus únicos professores.
Na fumaça do crepúsculo sobre um corcel lácteo,
Michelangelo realmente poderia ter esculpido sua feição.
Repousando nos prados, longe do espaço turbulento,
Meio adormecido perto das estrelas, com um pequeno cachorro lambendo seu rosto.
Curinga dance para a melodia do rouxinol,
Pássaro, voe alto ao luar
Oh, oh, oh, Curinga.
Bem, o fuzileiro aproxima-se silenciosamente dos doentes e aleijados,
O pregador busca o mesmo, quem chegará lá primeiro é incerto.
Cassetetes e canhões de água, gás lacrimejante, cadeados,
Coquetéis molotov e pedras atrás de cada cortina,
Juízes pérfidos morrendo nas teias que eles mesmos tecem,
É só uma questão de tempo até que a noite se instale.
Curinga dance para a melodia do rouxinol,
Pássaro, voe alto ao luar
Oh, oh, oh, Curinga.
É um mundo sombrio, céus são escorregadiamente cinzentos,
Uma mulher acabou de dar à luz a um príncipe hoje e o vestiu de escarlate.
Ele irá pôr o padre no bolso, pôr a lâmina para aquecer,
Tirem as crianças sem mães da rua
E coloquem-nas aos pés de uma meretriz.
Oh, Curinga, você sabe o que ele quer,
Oh, Curinga, você não demonstra nenhuma reação.
Curinga dance para a melodia do rouxinol,
Pássaro, voe alto ao luar
Oh, oh, oh, Curinga.

(Bob Dylan, 1983)

Do Jorge.

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