terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um poema


Olá!





Vida corrida, meus amigos. Tem uma cara que não posto nada - e hoje só apareci mesmo porque sobrou uma fresta no meu dia (e hoje é 7 de setembro, dia da tal independência). Apareci também porque precisava compartilhar o poema "James Joyce", de Jorge Luis Borges (na foto acima), que li hoje de manhã, quando pesquei meu já surrado exemplar de "Elogio da sombra", do autor argentino. Os dois dispensam apresentações, o poetizadp e o poeta: Joyce é, certamente, o mais inventivo de todos os autores do século XX, com seu livro-monumento que é "Ulisses" e com seu livro-labiririnto, que é "Finnegan's wake"; e Borges vem na sua esteira, o autor cego entre os que enxergavam, mas que foi luz entre nós, os cegos.

Pois bem, li e compartilho a dádiva aqui, com vocês:



JAMES JOYCE





Num dia do homem estão os dias
do tempo, desde aquele inconcebível
dia inicial do tempo, em que um terrível
Deus prefixou os dias e agonias,
até aquele outro em que o ubíquo rio
do tempo terrenal torne à sua fonte
que é o Eterno, e se apague no presente
o futuro, o ontem, o que agora é meu.
Entre a alva e a noite está a história
universal. Do fundo da noite vejo
a meus pés os caminhos do hebreu,
Cartago aniquilada, Inferno e Glória.
Dá-me, Senhor, coragem e alegria
para escalar o cume deste dia.

Cambridge, 1968.

(Jorge Luis Borges, "Elegio da sombra", p. 12)





Poderia tecer comentários mil sobre este poema, mas seriam inúteis: ele se diz sozinho. É só pensar no verso "Entre a alva e a noite está a história / universal". E não é isso que é a vida? Não é essa a única verdade?





Do Jorge.

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