Olá!
Amanhã começa a Flip, em Paraty, que este ano homenageia Drummond. E, grata surpresa, a conferência de abertura será feita pelo Silviano Santiago, um dos (se não o) meus autores prediletos. Já escrevi bastante sobre ele por aqui e muito escreverei ainda, sobretudo porque ando pensando em estudar sua obra poética num projeto para o doutorado. Mas isso são outros quinhentos, outros 2013's da vida...
Silviano escreveu muito sobre o o corpo. Sobre a beleza do corpo alheio. Sobre o corpo e o desejo. Sobre o envelhecimento do corpo. O corpo escrito sob diversas óticas. Mas é, sem dúvida, "Cheiro forte", livro de 1995, a mais abrangente. Nos poucos (mas intensos) poemas do livro, Silviano aborda todas essas visões sobre o corpo, filmando-o (com o olhar pós-moderno) e traduzindo-o ao leitor.
De "Cheiro forte" é o poema de hoje, que não tem título, como todos os textos do livro. Sempre o vejo como uma receita, nos moldes de como-fazer-para-usar, para o corpo. Uma beleza de texto, numa beleza de livro. Ei-lo:
Tenho este corpo.
Adotei-o como máquina
antes.
O sei agora
de osso, vísceras, carne e pele,
estranha
geringonça.
Reconforta o médico:
"Saiba compreendê-lo".
(Cheiro forte, p. 11)
Do Jorge.
2 comentários:
Olá!
Amanhã começa a Flip, em Paraty, que este ano homenageia Drummond. E, grata surpresa, a conferência de abertura será feita pelo Silviano Santiago, um dos (se não o) meus autores prediletos. Já escrevi bastante sobre ele por aqui e muito escreverei ainda, sobretudo porque ando pensando em estudar sua obra poética num projeto para o doutorado. Mas isso são outros quinhentos, outros 2013's da vida...
Silviano escreveu muito sobre o o corpo. Sobre a beleza do corpo alheio. Sobre o corpo e o desejo. Sobre o envelhecimento do corpo. O corpo escrito sob diversas óticas. Mas é, sem dúvida, "Cheiro forte", livro de 1995, a mais abrangente. Nos poucos (mas intensos) poemas do livro, Silviano aborda todas essas visões sobre o corpo, filmando-o (com o olhar pós-moderno) e traduzindo-o ao leitor.
De "Cheiro forte" é o poema de hoje, que não tem título, como todos os textos do livro. Sempre o vejo como uma receita, nos moldes de como-fazer-para-usar, para o corpo. Uma beleza de texto, numa beleza de livro. Ei-lo:
Tenho este corpo.
Adotei-o como máquina
antes.
O sei agora
de osso, vísceras, carne e pele,
estranha
geringonça.
Reconforta o médico:
"Saiba compreendê-lo".
(Cheiro forte, p. 11)
Do Jorge.
Volta a publicar, Jorge!
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