terça-feira, 9 de março de 2010

A estrada (II)


Olá!




Terminei o livro, terminou a saga do pai e do filho na terra desolada. Não conto o fim, claro. Só sonto o que se deu comigo, ao terminar: choro convulso, como há anos não me ocorria ao terminar de ler um texto. Foi difícil recolocá-lo na estante, pois sabia que separar-me dele seria como deixar uma pessoa querida, recém conhecida, mas cuja imagem se sabe ficará para sempre conosco. "A estrada", de Cormac McCarthy foi um achado que ficará ressoando ainda em mim, por muito tempo, por sua beleza, por sua potência e, sobretudo, pela verdade e humanidade da história contada.


Transcrevo aqui as últimas frases do livro. O que posso dizer? Mais que sublime:




"Antes havia trutas nos riachos das montanhas. Você podia vê-las paradas na correnteza cor de âmbar onde as extremidades brancas de suas barbatanas encrespavam de leve a superfície. Tinham cheiro de musgo na mão. Polidas e musculosas e se retorcendo. Em suas costas havia padrões sinuosos que eram mapas do mundo em seu princípio. De algo que não podia ser resgatado. Não podia ser endireitado. Nos vales estreitos e profundos em que eles viviam todas as coisas eram mais antigas do que o homem e num murmúrio contínuo falavam de mistério".




Do Jorge.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que final...
Fiquei com vontade de conferir essa ESTRADA...
Beijo
Leca

Jorge Verly disse...

Extraordinário mesmo, Leca. Eu poucas vezes li algo tão potente. Vale por mil dias no paraíso. Leia sim, mais que recomendo.

Bjocas,

Do Jorge.