domingo, 20 de junho de 2010

Morte em Veneza


Olá!



Revi neste fim de semana o filme "Morte em Veneza", de Luchino Visconti. Nem preciso dizer que o filme é de uma beleza estonteante. O vi pela primeira vez há muitos anos, quando era frequentador de uma locadora de clássicos na cidade de Nova Venécia, onde estudava piano. Locadora de clássicos é um floreio meu, claro. Havia as baboseiras e os blockbuster de sempre. Mas havia também uma luminosa prateleira com alguns dos melhores filmes da história do cinema. Foi lá que descobri preciosidades como "Ran", do Kurosawa, ou o "Sétimo selo", do Bergman. E também este "Morte em Veneza".

Recentemente escrevi aqui no blog sobre o livro do Thomas Mann, que serve de inspiração ao filme de Luchino Visconti. Trata-se da história de Gustav von Aschenbach, que no romance é um poeta em crise criativa e que no filme se torna um compositor nervosamente esgotado, que busca refúgio na bela cidade italiana. O que é muito emblemático, já que Aschenbach é um homem obcedado pela beleza, embora sinta-se cada vez mais distante dela. E longe dela, ele definha.

Até que ele encontra Tadzio. Tadzio é um belo jovem polonês, de 14 anos, hospedado com a família no Lido, onde está Aschenbach, e por quem o compositor fica hipnoticamente apaixonado. Mesmerizado. Talvez porque o menino seja a perfeita encarnação da beleza procurada por toda a uma vida. Ou talvez porque aquela seja a última oportunidade que Aschenbach tenha para sentir o amor. E é nesse amor que ele se consume, literalmente, ao longo do filme.

Talvez uma das mais belas cenas do cinema seja a seqüência final de "Morte em Veneza", quando Aschenbach, debilidado e já tocado pela morte, se senta na beira da praia e entrevê Tadzio na linha do horizonte, no mar. O menino estende os braços, como um centauro, e esta visão, que é a própria personificação da beleza, é a última coisa que o compositor vê antes de morrer, a um só tempo feliz por encontrar o que buscou a vida inteira, e triste por nunca poder tocá-la. A trilha sonora, o Adaggieto da Quinta Sinfonia de Mahler, contribui para tornar a cena ainda mais intensa, magnética, de uma beleza poucas vezes vista e igualada na tela.

Por tudo isso, nem preciso dizer que o fim de semana foi salvo. E que o filme vale, como costumo dizer, por um dia no Paraíso.



Do Jorge.

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