sábado, 10 de julho de 2010

Chico ao car da tarde


Olá!



Sintonizei uma dessas rádios que têm na tv e fiquei quieto na sala, ouvindo música. Supresa, mais que supresa (e grata): Simone cantando "Trocando em miúdos". Divino-maravilhoso, pensei. Combina com a tarde caindo, uma canção pungente sobre um amor que se vai, uma canção para tarde que também se vai. A letra fica como o poema do dia. Porque Chico Buarque é poeta, certo. E dos bons:



TROCANDO EM MIÚDOS


Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu


Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças


Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter

Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado


Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu


Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde

(Chico Buarque)



Lindo, não?



Do Jorge.

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