domingo, 15 de agosto de 2010

A palavra de Lygia


Olá!



Li hoje uma entrevista concedida em 1998 pela Lygia Fagundes Telles, uma das autoras das quais conheço a obra de fio a pavio. Entre reminiscências pessoais, posicionamentos políticos e reflexões sobre o papel do escritor, há uma confissão que me comoveu. Perguntada sobre seu relacionamento com a crítica e o leitor, Lygia diz: "Se escrevo, estendo para você uma ponte, seja você um crítico ou um leitor comum. Nessa hora é como se eu dissesse, Venha. A palavra é uma ponte através da qual eu tento conseguir o amor do próximo".

Poucas vezes li uma definição tão exata do que seja escrever, esse ofício misterioso. Às vezes, chego a pensar que nasci com uma espécie de defeito, que explicaria essa compulsão pela palavra. Escrever, às vezes, é uma angústia, mas hoje fiquei reconciliado com este verbo. Porque, ao escrever, chegamos ao Outro. Buscamos o amor do próximo, segundo Lygia. Não me entenda, me ame, é o que representa a escrita. E é o que diz Lygia, ao final, "Eu sempre digo que mais importante do que a compressão é o amor".



Do Jorge.

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